Aldeias de Portugal nas Terras do Sousa
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Este poema “A minha aldeia”, escrito por Fernando Pessoa, e integrado no “Cancioneiro, faz-nos recuar às memórias de infância, ao imaginário da vida regida e comandada pelo bater das horas no sino da igreja. Mesmo aqueles que nunca tiveram a felicidade de passar uns dias numa aldeia típica de Portugal, intuem facilmente o ambiente que aí se respira de hospitalidade, de segurança, de permanente contacto com a Natureza. Numa altura em que vivemos cada vez mais na tal aldeia global, a velha aldeia é um sinal do passado que gera inevitavelmente um sentimento de Saudade.
O regresso às origens, ainda que por breves períodos de tempo, é hoje em dia cada vez mais um apelo sentido por milhões de pessoas em todo o mundo, desejosas de contraporem ao frenesim diário de uma vida impessoal e repetitiva, a experiência de um contacto, ainda que fugaz, com a vida singela, calma, de contacto com a Natureza que uma aldeia típica proporciona. Se a esta experiência se puder aliar o conforto e a satisfação das necessidades básicas a que os homens das cidades estão habituados, então ainda melhor…
Foi a pensar na conciliação destes valores – a defesa do património natural e edificado de muitas aldeias e a necessidade de dotar algumas casas dessas aldeias com as mínimas condições de habitabilidade dos tempos modernos – que a Associação de Turismo de Aldeia (ATA) criou o projecto “Aldeias de Portugal”. Os objectivos deste projecto são a potenciação do Turismo no espaço Rural e aumento das actuais taxas de ocupação, a fixação e rejuvenescimento das populações rurais, a valorização e intercâmbio cultural, a recuperação e promoção do Património Cultural Local, a criação de um complemento à economia familiar e a construção de uma rede europeia de alojamento em Turismo de Aldeia.
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No espaço nacional, de referir que a constituição da ATA teve como promotoras quatro Associações de Desenvolvimento Regional – Adril, Adriminho, Sol do Ave e Atahca – a que aderiram posteriormente mais cinco associações – ADER-SOUSA, Adrimag, Dolmen, Probasto e Beira-Douro. No total, a Associação de Turismo de Aldeia comporta actualmente nove associações aderentes do Norte e Centro de Portugal, tendo já certificadas 36 povoações como “Aldeias de Portugal”.
As diferentes associações de desenvolvimento co-promotoras deste projecto têm vindo a intervir nas aldeias escolhidas, quer na recuperação de casas típicas para alojamento e restauração, quer na preservação de caminhos e fachadas, graças aos fundos comunitários, designadamente das várias versões do Programa Leader.
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