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Aldeia de Castromil – Paredes

A Aldeia de Castromil enquadra-se num ambiente natural e agrícola, tendo origens medievais ainda visíveis na sua organização espacial, de vias estreitas a serpentear o povoado. Os edifícios em cantaria granítica bem aparelhada possuem características arquitectónicas rurais, destacando-se um solar do século XVIII, com capela, a partir da qual, parte uma via-sacra, marcada pelos cruzeiros que percorrem a aldeia.

De acordo com o prefixo, Castromil tem origem na palavra Castro que nos remete para a existência de um povoado castrejo. Foi de resto um lugar profundamente romanizado cujas evidências estão presentes nos trabalhos mineiros de exploração de ouro, também conhecidos por “Covas de Castromil”, resultantes das explorações a céu aberto, embora também visíveis em trabalhos subterrâneos.

Como consequência destas evidências reza a lenda que estas Covas eram habitadas por mouros não queridos pelo povo de Castromil, pelo que certa noite reuniram um grande rebanho de ovelhas e cabritos, colocaram-lhes guizos e velas nos chifres e saíram pelos caminhos da aldeia, provocando ruidosos sons que juntamente com o efeito das luzes das velas assustaram os mouros que rapidamente se puseram em fuga para não mais voltarem, deixando para trás todos os bens. No início do século vinte as crianças da aldeia ainda brincavam com as panelas que os mouros deixaram no interior das minas.

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No entanto, o lugar enquanto povoado é referenciado nas Inquirições de D. Afonso III, em 1258, como Cestromil ou Christimir. A sua importância como lugar povoado é visível quando em 1437-38, com a abertura da Rua Nova, no Porto, foram convocados sete contribuintes para pagarem um imposto para custear as despesas.

Em 1513, o Foral de Aguiar de Sousa refere Castromil como um povoado autónomo, com deveres para com o rei, cujos moradores tinham que pagar foros de várias formas: manteiga, ovos, cabritos, galinhas e em dinheiro (Reais). Alguns dos lugares de proveniências dos foreiros referidos neste documento permaneceram, até aos dias de hoje, como microtoponímias identificadoras de casa/família, como por exemplo penedo e ponte.

Ainda, no século XVI, o numeramento ordenado por D. João III dá indicadores que no contexto do então Julgado de Aguiar de Sousa a Aldeia de Castromil fazia parte de uma das freguesias mais populosas da altura.

No século XVIII Crastromil era uma das doze aldeias que constituíam a freguesia da Sobreira e administrativamente fazia parte do concelho de Aguiar de Sousa. Nesta altura, ou seja, em 1758, já é referida a capela particular de invocação à Nossa Senhora da Saúde, São José e São Sebastião, pertença da atual Casa do Outeiro. A esta capela é-lhe associada o início de uma via-sacra que termina no monte das Covas de Castromil onde se encontram os vestígios do calvário. Ao longo deste percurso fazia-se uma procissão, no dia 21 de Janeiro, em honra de São Sebastião. Actualmente esta festividade realiza-se em Agosto, em torno do “oratório” junto à estrada municipal com a imagem de São Sebastião. Aqui montam um palco onde se celebra a missa e o circuito da procissão é definido de acordo com a Comissão de Festas, cujos elementos são “alumiados” anualmente. Esta festa é precedida pela realização de um leilão, onde, ainda de se a leiloa, madeira e produtos da terra. A animação é feita pelo grupo de bombos, os “Domingueiros”, única coletividade de Castromil.

Esta origem ancestral sente-se quando se percorre a via principal do lugar, caracterizando-se por um traçado de tendência curvilínea e estreito com troços lajeados alternadamente com calcetamento de granito, com saídas térreas perpendiculares, de acesso aos campos.

Os edifícios habitacionais surgem ao logo do seu percurso, de planta predominantemente fechada em torno de um quinteiro interior, cujo acesso se faz por uma larga porta fronha. Caraterizam-se normalmente por dois pisos sendo o piso superior de habitação e o inferior destinado às adegas, lagares e armazenamento dos cereais. Nalguns edifícios observam-se no piso superior aberturas de pequenas dimensões em favor do pé direito mais alto dos espaços do piso inferior onde apenas rasgam-se pequenas e estreitas frestas. Numa clara evolução arquitetónica presenciamos um número significativo de construções marcadamente setecentistas, delimitadas por cunhais e pilastras de cantaria e rematadas superiormente por cornija. Nas fachadas correm janelas de guilhotina com molduras graníticas e por vezes varandas guarnecidas por gradeamentos em ferro forjado.

Paralelamente observam-se os edifícios de apoio a atividade agrícola, designadamente as cortes dos animais, os palheiros, as eiras, os espigueiros e pontualmente moinhos hidráulicos que nos reportam, para estruturas tradicionais vernaculares.

Associada à atividade agrícola presenciamos o que poderemos designar de arquitetura de água, tal como, tanques e presas de regadio, alimentadas por nascentes de água que correm por minas subterrâneas e regam os campos através do rego foreiro, do qual usufruem 13 consortes. Estes reúnem-se no dia seguinte ao São Pedro para em conjunto fazerem a limpeza da presa e do rego. As presas são conhecidas por “presas da fonte d’além”. Esta fonte de chafurdo surge na boca da mina permitindo aos locais abastecerem-se de água para uso doméstico, incluindo a professora primária que, enchia um cântaro para dar aos alunos, durante a primeira metade do século XX.

A agricultura é a actividade principal mantendo caraterísticas tradicionais com destaque para o cultivo do milho “Verdeal” e do Amarelo, tendo já sido atribuídos bastantes prémios pela qualidade, ao Sr. Francisco. Associado a este milho, a D. Maria José também tem ganho vários prémios pela melhor broa de milho. Esta broa acompanha a “sopa das vindimas” e os assados típicos das festividades da Páscoa e do Natal. Ainda da agricultura obtém-se a abóbora jerimu da qual se fazem os “gerimus”, doces do Natal. Na Páscoa reina a Sopa Seca”.

Para além da actividade predominantemente agrícola que sustenta uma economia de subsistência, existe uma venda/mercearia que procura complementar as necessidades dos locais em paralelo com os vendedores ambulantes que em determinados dias e horas percorrem a via principal, parando em pontos estratégicos para fornecerem os moradores de outros produtos, designadamente o padeiro, o azeiteiro e outros.

Destaque-se, porém, a existência dos “Viveiros de Castromil” com fundação em 1927, contribuindo para a dinamização económica do lugar assim como para a projeção do nome de Castromil para além fronteiras. O seu fundador, Abel Moreira Barbosa foi vereador na Câmara Municipal de Paredes, realizou vários melhoramentos no lugar e conseguiu, nos anos vinte, junto Ministério da Educação a Escola Primária para qual cedeu o terreno e, com outros mecenas, pagou a construção de um edifício que acabou por oferecer ao Estado. Este edifício escolar, depois de desativado durante muitos anos, foi recuperado para funcionar como Centro Interpretativo das Minas de Castromil.

Castromil realiza todos os anos a Via Lucis ou Caminho da Luz, celebração de Cristo Ressuscitado em catorze estações, à semelhança do que acontece na Via Sacra. Contemplando vários mistérios da Vida de Cristo, desde a sua Ressurreição até ao Pentecostes, esta celebração convida-nos a fazer a experiência de uma fé que vai além da Cruz, que entende a Páscoa como o dia em que nasce para cada um de nós a Vida Verdadeira. Depois do caminho escuro e tenebroso que conduziu Jesus ao alto do calvário, este é o caminho da luz que irradia de um sepulcro vazio mas com cheiro a ressurreição, da luz que emana de um Cristo Ressuscitado, promessa e garantia da eternidade do Homem.

Em maio florido, em ambiente de festa na aldeia de Castromil, as Paróquias de Parada de Todeia, Recarei e Sobreira, a Ader-Sousa, a Câmara Municipal de Paredes e a Junta de Freguesia de Sobreira voltam a apresentar a Via Lucis como oportunidade de percorrer os cinquenta dias desde a Ressurreição até ao Pentecostes com Cristo triunfante sobre o pecado e sobre a morte. Seguindo os relatos do Evangelho cheios de acontecimentos, inesquecíveis e transcendentais, que os próximos de Jesus viveram intensamente, somos convidados a mergulhar na Galileia de Jesus de Nazaré, verdadeira luz para os homens

Para aceder à Aldeia de Castromil, vindo do Porto, seguir pela A4 em direcção a Vila Real e sair na saída 10 em direcção a Baltar/Parada. Depois de pagar a portagem, à saída da A4, virar em direcção a Parada (para a direita), seguir pela EN 319 tendo em atenção que cerca de 2 km deve virar à direita para Sobreira, e continuar na estrada mais 2 km até encontrar do lado esquerdo um “oratório” com a imagem de São Sebastião (mesmo antes do Restaurante Napoleão, que se localiza do lado direito), e virar aí à esquerda, seguindo a estrada até entrar na Aldeia de Castromil.

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