Em 1992, nas proximidades da igreja de Sendim, e durante a abertura dos alicerces para construção de uma casa, apareceram vestígios de muros e numerosos fragmentos de tegula e cerâmica comum romana, testemunhando um assentamento que já em 1930 Ruy de Serpa Pinto suspeitava poder ser aquilo que apelidou de Villa Sendini. A escavação de emergência efetuada de imediato permitiu confirmar a existência de ruínas de uma grande casa romana, tendo aparecido restos de pisos em mosaico com decoração geométrica policroma, bem como pisos que ostentavam apenas mosaico monocromática de bordadura ao longo das paredes. Sendo a existência de mosaicos uma das condições que J. Alarcão reputa de essenciais para se poder fazer a distinção entre villae e casais, conclui-se então estarmos em presença de uma dessas grandes explorações agrícolas da época romana, encabeçadas pela casa do proprietário, que transferia assim para o mundo rural algumas das comodidades e luxos a que estava habituado na sua vivência citadina.
A villa romana está implementada num esporão situado na base do castro de Sendim, que revelou uma ocupação com uma grande diacronia desde o século V/IV a.C. até, pelo menos, ao século II d. C.. Este esporão domina um largo vale encaixado entre os montes de Santa Quitéria – S. Domingos, a poente e os contrafortes da serra de Sabagudo a nascente, onde corre o rio Bugio até Jugueiros, desaguando aí no rio Vizela.
No âmbito do Sub-Programa C do PRONORTE, a Câmara Municipal de Felgueiras realizou uma série de ações que permitiram pôr a descoberto uma área de cerca de 1200 m², que permitem concluir que se está perante a pars urbana de uma villa rústica, que tudo aponta ter começado a ser edificada a partir da segunda metade do século III, com uma ocupação intensa e algumas reestruturações arquitetónicas operadas ao longo do século IV, e com uma continuidade de ocupação no século V, a avaliar por alguns elementos tardios de vidros e cerâmicas até agora aparecidos. Um chrismon gravado num tijolo parece demonstrar a cristianização desta zona já nesta época. Um incêndio terá destruído parte da casa que foi abandonada, assim permanecendo largos anos até à derrocada das suas paredes e posterior roubo das pedras dos seus muros, que nalguns casos chegou aos alicerces. Estima-se que a área base da planta da villa romana deve aproximar-se dos 2500 m.
O presente projeto teve por objetivo a continuidade da pesquisa arqueológica e das escavações, a fim de ser possível exumar a totalidade dos vestígios e alicerces da villa romana de Sendim, e assim, tornar a sua planta totalmente inteligível. A intervenção incidiu sobre toda a área noroeste do terreno onde se encontra implantada a villa romana, continuando assim a escavação do peristilo da casa e de toda a ala norte, corredores e salas incluídos, com a descoberta da possível entrada da villa. Apesar da evolução que ocorreu com a valorização do presente projeto, sente-se a necessidade de uma continuação no levantamento da villa de forma a poder-se observar como na realidade estava edificada esta estrutura.