A Ader-Sousa – Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa realizou de 14 a 17 de fevereiro, uma ação de benchmarking na região italiana de Marcas, cuja capital é a cidade de Ancona, promovida no âmbito do projeto que o consórcio ‘Tâmega e Sousa Internacionaliza’ promove em prol da internacionalização da região.
Sendo a temática desta acção a indústria agroalimentar, uma comitiva composta por empresários e produtores do Tâmega e Sousa ligados ao setor deslocou-se à região de Marcas, considerada similar e exemplar para o objetivo definido, para um encontro territorial, destinado a promover a partilha de conhecimentos e de boas práticas de internacionalização entre empresários, esperando-se que possa vir a contribuir para que a produção agroalimentar local ganhe notoriedade nos mercados externos.
A COMITIVA
Óscar Rocha, responsável pela gestão da Quinta da Sobreira | Joana de Castro, gerente da Quinta de Lourosa | Humberto Reis, técnico da Cooperativa Terras de Felgueiras-Caves Felgueiras | Manuel Ribeiro, Oficial das Honrarias da CPCVS | João Vasconcelos em representação da Cooperativa Agrícola “A Lavoura de PF | Micaela Fonseca, produtora e gerente da Quinta do Ferro | Isabel Teixeira, empresária em nome individual e única titular da empresa, Casa de Santiago | Anabela Cardoso, responsável de marketing da Quinta da Massorra | Carla Dias, técnica da Ader-Sousa | Eduardo Taveira, Diretor da Ader-Sousa | Raquel Evangelina, técnica da Dolmen | Jorge Caetano, Presidente da Dólmen.
A agenda de trabalhos em Itália foi composta por dois dias. Na quinta-feira, dia 15/02 pela manhã, os participantes da ação de benchmarking deslocaram-se para a primeira visita técnica a uma empresa local – La Terra e Il Cileo, que representa uma realidade importante no setor de alimentos orgânicos italiano e internacional, cujo principal objetivo é promover a cultura da saúde e o respeito pelo meio ambiente através da qualidade e tipicidade dos produtos alimentares e, portanto, dos métodos de produção. A cooperativa representa cerca de 110 agricultores parceiros para a salvaguarda de uma maneira sustentável e favorável de fazer agricultura. Trabalham com produtores locais (90%) da região e os restantes (10%) são pequenos produtores de fora da região, como por exemplo, da Toscânia.
A marca LA TERRA E IL CIELO é hoje sinónimo de qualidade nutricional e organolético dos produtos, o respeito pelo trabalho de todos os operadores da cadeia produtiva e o respeito pelo equilíbrio natural dos ecossistemas que abastecem as matérias-primas. Produzem cereais como a lentilha, chícharo, massas e cevada., sendo 40% da sua produção para exportação para a nova Zelândia, Arábia Saudita, Japão, Bélgica; Inglaterra; USA, Austrália e Espanha. Não exportam para Portugal mas a compra dos seus produtos pode ser feita online.
A tarde do mesmo dia, foi dedicada ao setor vinícola, visitando-se a empresa “Conti di Buscareto. A história desta empresa começou em 2002 pelas mãos de dois homens – Cláudio Gabellini e Enrico Giacomelli, conhecidos empresários, que decidiram fazer investimentos no negócio do vinho adquirindo três propriedades nas áreas mais vocacionadas da região de Marche, onde o vinho produzido é dividido pelas três propriedades de vinhas diferentes – Verdicchio, Lacrima e Rosso – castas de grande importância na região. Dispõem de uma adega com capacidade para engarrafamento de 180 mil garrafas
Depois da visita às vinhas e adega, realizou-se uma reunião entre a comitiva portuguesa, o proprietário e o enólogo da empresa Buscareto. Esta manifestou-se de grande interesse para todos os participantes, dado que foi partilhado conhecimentos e experiências sobre a vinha e produção de vinho entre a região de Marche e a região do Tâmega e Sousa. Durante a reunião houve uma prova dos vinhos produzidos pela Buscareto, acompanhada com a explicação de como é produzido cada vinho, a sua textura, os tratamentos usados, os problemas com as pragas (que é um grande problema dado que as vinhas não são fortes).
No dia seguinte, dia 16/02, a comitiva começou a amanhã por visitar uma Cooperativa Agrícola: Gino Girolomoni Cooperativa Agrícola
A história desta cooperativa começa em 1975 com Gino Girolomoni, jovem prefeito do município de Isola del Piano, que começa a promover iniciativas destinadas a explorar e apoiar a cultura agrícola antiga. Mas, a empresa só começou a funcionar em 1980. Uma história baseada nos verdadeiros valores da vida no campo, na paixão pela natureza e por tudo o que é autêntico. Esta é a história da empresa Girolomoni, que oferece os melhores produtos alimentícios orgânicos italianos. Nesta visita foi possível observar, sempre acompanhados da devida explicação sobre todo o processo de confeção dos vários tipos de massa e do seu embalamento.
Uma gama de produtos de empresas orgânicas tradicionais e que têm trabalhado com a Cooperativa Girolomoni há muitos anos, foram adicionados aos seus produtos de massas alimentícias, tais como o café, os cereais, o arroz, o tomate, os purés de fruta, as várias massas, e a farinha.
80% da produção de massas é exportada para os EUA, o Japão, a Nova Zelândia, a austrália e para alguns países europeus. A empresa tem duas cooperativas – Girolomoni e Montebello. Esta última tem 180 membros e recolhe os grãos/cereais que a empresa Girolomoni utiliza para fazer a massa. Os seus produtos são certificados como IGP e DOP.
Da reunião que se seguiu à visita à empresa, e que contou com a presença do Presidente da Cooperativa Montebello, destaca-se o papel do cooperativismo, dado que esta empresa tem parcerias com outras para comercializar toda a produção dos produtores locais.
A finalizar o programa da visita a comitiva foi recebida pelo responsável político do sector vinícola e pelo assessor técnico da Região de Marche.
Este encontro começou com as boas vindas, seguida pelo visionamento do vídeo promocional do Tâmega e Sousa, assim como apresentadas as potencialidades da região, com enfoque no vinho verde. Seguiu-se a apresentação de um conjunto de slides onde foi dado a conhecer a superfície agrícola utilizada na região de marche (41% cereais/leguminosas/hortaliças, uvas 4,2%, oliveiras 2.3%…); a produção agrícola da região; a vitivinicultura na região; as variedades das uvas; a produção de vinho; vinhos com IGP e DOP; conversão e restruturação da vinha, incentivos e critérios de prioridade de acesso aos fundos.
Nestes dias de visitas, a comitiva portuguesa foi acompanhada por Corrado Leoni, da Cooperative Society Agorà. e que tratou da logística local (aluguer de autocarro, preparação e organização da visitas às empresas).
Esta ação suscitou nos participantes possíveis troca de conhecimentos e interesse em aproximação com a região visitada, no que concerne á temática do vinho. Tiveram a oportunidade de contatar diretamente com os responsáveis pelas empresas locais, e obter informação sobre o mercado visitado. Este tipo de ações com recurso ao benchmarking permitem a promoção da imagem da região no exterior, e ao mesmo tempo que possibilita um maior conhecimento do mercado externo.