A história das Terras do Sousa é profunda e milenar, deixando marcas visíveis na região. Muito antes da formação de Portugal, estas terras já eram habitadas por povos castrejos (da Idade do Ferro), como atestam os inúmeros vestígios arqueológicos espalhados pelos montes. O exemplo mais emblemático é a Citânia de Sanfins, em Paços de Ferreira – um vasto povoado fortificado pré-romano, considerado uma das mais importantes estações arqueológicas da cultura castreja no noroeste peninsular. Este antigo “oppidum”, habitado entre os séculos II a.C. e IV d.C., impressiona pelas suas muralhas e planta circular das construções, revelando traços de uma civilização sofisticada e resiliente. A presença romana também se fez sentir posteriormente, integrando a região na rede de estradas e economia do Império, embora mantendo muito do caráter local.
Na Idade Média, as Terras do Sousa assistiram ao florescimento de um notável património religioso e senhorial. Com o avançar da Reconquista e a fixação das populações, ergueram-se igrejas, mosteiros e pontes de pedra que atravessaram os séculos. Vários desses monumentos medievais – como o Castro de Monte Mozinho (Penafiel), o Mosteiro de Pombeiro (Felgueiras) ou a Igreja de São Pedro de Ferreira (Paços de Ferreira), entre muitos outros – datados dos séculos XII e XIII, integram hoje a prestigiada Rota do Românico. Esta rota cultural liga dezenas de sítios históricos nas Terras do Sousa e regiões vizinhas, celebrando a arte românica e a importância da região na formação da identidade do Entre-Douro-e-Minho. As sólidas paredes de granito destes templos antigos, ricamente esculpidas com motivos religiosos e pagãos, contam histórias de fé, poder senhorial e da vida comunitária medieval, transportando o visitante a épocas fundadoras da nacionalidade.
Ao longo dos séculos seguintes, a região continuou a evoluir mantendo viva a sua herança. No período moderno, muitas casas brasonadas e quintas agrícolas prosperaram, testemunhando a riqueza agroalimentar (vinhas, pomares e campos de milho) que caracterizou a economia local. Já no século XX, apesar da industrialização crescente nos arredores, as Terras do Sousa souberam preservar o seu carácter rural e património histórico. Hoje, museus locais e centros interpretativos permitem desvendar esse passado – como o Museu do Assento ou roteiros histórico-culturais – enquanto tradições ancestrais ainda praticadas (desde festividades religiosas até técnicas artesanais) mantêm um elo vivo com a história. Visitar as Terras do Sousa é, por isso, embarcar numa viagem no tempo: cada monumento românico, cada cruz de caminho ou pelourinho, cada lenda transmitida oralmente contribui para o fascínio histórico deste território, convidando-nos a conhecer de perto as raízes de Portugal no âmago rural das Terras do Sousa.
Para a elaboração dos conteúdos presentes nesta página, foram consultadas fontes institucionais e editoriais de referência, nomeadamente:
Federação Minha Terra – minhaterra.pt
Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa – cimtamegaesousa.pt
Município de Paredes – cm-paredes.pt
Expresso – expresso.pt
Center.pt – center.pt
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