A promoção de uma alimentação saudável, sustentável e com foco na produção regional foi o tema central do seminário “Diz-me o que comes – Identidade Alimentar da Área Metropolitana do Porto”, realizado hoje na Póvoa de Varzim. O evento, que contou com a presença de especialistas, produtores e consumidores, serviu para apresentar as conclusões de um projeto desenvolvido por diversas associações de desenvolvimento rural em colaboração com a Área Metropolitana do Porto. O objetivo principal é valorizar os produtos endógenos de 14 concelhos da região e reforçar a conexão entre produtores locais e consumidores.
Paulo Ramalho, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), salientou a importância de promover os produtos locais e regionais, destacando a qualidade dos alimentos produzidos pelos agricultores da região. “Precisamos não apenas de produzir bem, mas também garantir que os consumidores reconheçam a qualidade dos nossos produtos. Este projeto visa exatamente isso”, afirmou.
Uma das principais iniciativas do projeto é a sensibilização da comunidade escolar para os benefícios de uma alimentação saudável e sustentável, especialmente no contexto da dieta mediterrânica. Paulo Ramalho destacou ainda o impacto das campanhas de marketing globais, que frequentemente afastam os consumidores dos produtos locais e alteram seus hábitos alimentares. “Vivemos em um mundo globalizado, onde somos constantemente influenciados por campanhas que nem sempre promovem a melhor alimentação. Ao consumir produtos locais, conhecemos o produtor e garantimos alimentos de qualidade”, sublinhou.
O seminário também abordou a importância das “cadeias curtas de distribuição”, que aproximam o consumidor do produtor e contribuem para a redução da pegada ecológica, favorecendo uma produção mais sustentável. “Consumir localmente significa apoiar a descarbonização e provavelmente escolher produtos de melhor qualidade. Este é um passo importante dentro do Pacto Ecológico Europeu”, explicou Paulo Ramalho.
Outro ponto abordado foi a valorização dos pequenos produtores e das cooperativas. Ramalho destacou a importância de uma remuneração justa para os produtores, principalmente aqueles que optam por práticas mais tradicionais e biológicas. “Quando os pequenos produtores são bem remunerados, eles estão mais inclinados a adotar métodos de produção sustentável, o que beneficia tanto a agricultura quanto o consumidor”, afirmou.
O vice-presidente da CCDR-N reforçou que a identidade alimentar da região depende de um esforço conjunto entre produtores, consumidores e políticas públicas. “É essencial trabalhar em rede, com a colaboração de autarquias, associações e cooperativas. A CCDR-N está pronta para apoiar esse processo, que também é considerado prioritário pelo Ministério da Agricultura”, destacou.
Com a região sendo um importante polo de produção leiteira e horticultura, Paulo Ramalho enfatizou a necessidade de preservar essa identidade produtiva e cultural, fundamental para a população local. O seminário concluiu com uma reflexão sobre o futuro da alimentação na região, defendendo uma abordagem integrada entre políticas públicas, educação e apoio à agricultura sustentável.
O projeto “Diz-me o que comes – Identidade Alimentar da Área Metropolitana do Porto” faz parte do plano nacional de alimentação equilibrada e sustentável do Ministério da Agricultura, com o intuito de fortalecer as produções locais e promover hábitos alimentares saudáveis.
Fonte: Projeto sobre identidade alimentar na Área Metropolitana do Porto valoriza produtores