Na carta, Miguel Torres destaca que os territórios do interior “estão muito cansados de não serem vistos nem lembrados, a não ser quando nos visitam nos enterros dos que perdemos para esta luta desigual contra o fogo”. A citação busca refletir o desânimo prevalente entre as comunidades que reivindicam uma presença política e administrativa mais proativa.
O dirigente sublinha que soluções desenhadas em gabinetes centrais frequentemente “não se coadunam com as dinâmicas reais das populações”, revelando uma desconexão entre políticas nacionais e contextos locais.
Miguel Torres insiste que a rede de Desenvolvimento Local – alicerçada nos ADL e nos Grupos de Ação Local (GAL) – tem sido pivot fundamental para o desenvolvimento sustentável dos territórios. Contudo, expressa o receio de que este trabalho esteja a ser progressivamente marginalizado.
Adicionalmente, a carta aprofunda a crítica à priorização política e de investimentos, contrapondo os gastos em grandes eventos com os pequenos projetos de base comunitária que, embora de impacto direto, parecem ser negligenciados.
“São opções, senhor primeiro-ministro!”, enfatiza, sublinhando que medidas como condomínios de aldeia ou Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP) já existem como alternativas viáveis, mas precisam de ser ouvidas e valorizadas, não meramente simbolizadas.
Conclui com um apelo pungente à clarificação de prioridades: “Não nos queimem em lume brando.”
Autor: Miguel Torres, presidente da Federação Minha Terra
Fonte: Miguel Torres, Carta aberta ao primeiro-ministro, Público, 22 de agosto de 2025.
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